Texto muito engraçado da Fla Wonka, do Garotas que Dizem Ni:
"O AGENTE DESTES LADOS.
Pipoca em punho, fui no sábado conferir uma sessão do fulgurante e literalmente bombástico “O Ultimato Bourne”. Nele, Jason briga feito homem, fala vinte idiomas, pratica ligação direta em carros, motos, barcos e liquidificadores. Jason é estrategista, é escapista, é um gênio da invasão de empresas e domicílios. E apesar de ter um passaporte brasileiro, no qual se chama Gilberto e nasceu em Osasco, ele só faz tudo aquilo porque não faz aqui. Queria ver o Bourne agindo nas nossas terras, isso sim.
Para começo, acabaria a farra da movimentação fácil. Jason Bourne pode circular por Londres, Paris, Tânger, Madri e Nova York como se fosse o dono da Air France, mas não nestas bandas. Queria ver ele ir pegar neguinho de tocaia no país ao lado tendo que esperar o caos aéreo. “Senhor, eu preciso estar em São Paulo a tempo de balear meu rival! Como assim o vôo está nove horas atrasado??”.
Carregar dinheiros de todo o mundo e variados documentos também não seria possível. Aqui, em cada porta giratória o segurança mandaria Bourne esvaziar a mochila, os bolsos e o porta-moedas. E ai dele se não o fizesse – ficaria retido sem poder passar sequer pela entrada do supermercado.
A máquina assassina secreta Bourne também não teria aquela manha de... bem, de ser uma máquina assassina secreta. Simplesmente porque aqui a gente não guarda segredo, não. Em questão de meses o caseiro ou a secretária de algum figurão ligado ao projeto abriria o bico. E daí instaurariam uma CPI e Jason seria localizado e obrigado a depor para dizer que não, não tinha as contas pagas por um lobista de empreiteira.
Ser agente secreto pode ser uma opção lá para as bandas da Europa ou da América do Norte. Aqui os deputados desviam a verba da missão, os celulares perdem o sinal bem na hora de negociar e as perseguições de carro ficariam presas no congestionamento das 18h. Fique aí no seu mundinho, Bourne. Na nossa área você seria jantado vivo, perdedor."
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