quinta-feira, 26 de julho de 2007
Propaganda, cocadas e uma lição sobre comunicação.
Tem muito criativo que deveria se espelhar numa aula que eu tive de comunicação com um simples vendedor de cocada. Sabem, a cocada? Uma iguaria deliciosa feita a base de coco que o Jô Soares detesta? Essa mesma. Estava num ônibus e, naqueles momentos modorrentos onde tudo que você deseja é chegar ao seu destino e sair desse mundo de gente suada que está sem saco nenhum de conversar, a música alta que sai do rádio do motorista, o barulho ensurdecedor da rua, esse clima perfeito do inferno na terra. Daí que surgiu um homem carregando uma caixa plástica cheia de cocadas embaladas. E eu pensei “ai meu saquinho, lá vem discurso de pedinte chato.”Então o vendedor começou a falar. Falou alto, contou piadas sobre o “ajudem o Programa Fome Zero. Fome zero lá em casa.”ou “Aceito Mastercard, Visa, cheque.” e demais tiradas que, eu contando, não tem graça nenhuma mas que ditas por ele, do jeito dele, da maneira dele, fizeram todos os passageiros sorrirem e comprarem cocadas. Ele quebrou a monotonia de viagem de ônibus e chamou atenção brilhantemente para seu produto. Daí caiu a ficha de que o que esse rapaz fez vendendo seus doces é o que todos nós, publicitários, desejamos mais do que tudo: passar sua mensagem de maneira clara e que desperte a simpatia do consumidor. O vendedor de doces usou o meio adverso - um ônibus - e reverteu a situação a seu favor. Isso é magia. Isso é comunicação de verdade. Tem muito criativo por aí que só sabe olhar anuários, Arquives, ou então passa o dia inteiro sentado numa cadeira olhando a Internet e achando que é somente lá que está a verdade. Nem perto. A verdade, como diria o Fox Mulder, de Arquivo X, está mesmo lá fora, nas ruas. Ou com um vendedor de cocada.
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