terça-feira, 22 de julho de 2008

The Dark Knight (Crítica)

Quadrinhos sempre ficaram relegados ao Segundo plano como gênero cultural. Principalmente no Brasil, país lotado de pessoas analfabetas que morrem de preguiça de ler um livro, quiçá algo cheio de desenhos e letras que só serve para divertir as crianças e pegal mal para adultos como as HQs. Convencer essa gente a assistir ao filme The Dark Knight só ficou mais fácil, creio eu, pelo hype da morte do ator Heath Ledger, que interpreta o Curinga na trama. Para o bem ou para o mal, muita gente foi ao cinema por isso.
Mas criticar o filme por fazer marketing cadavérico seria injustiça se a trama não fosse tão boa, tão bem feita e tão bem conduzida pelo diretor Christopher Nolan – que repete aqui a direção desse segundo filme da franquia. Batman chega já coroando a longeva carreira do heroi protagonista, que surgiu na década de 40 e até hoje é admirado por fãs do mundo todo. É lamentável que não veremos a atuação de Ledger numa mais que bem vinda sequência mas, se ficamos tristes de não poder mais vê-lo, festejemos com alegria sua obra prima.
Ledger interpreta um Curinga perverso, anarquista e amoral que não possui crenças e faz questão de destruí-las para provar seus pontos de vista, não importando quantos cadáveres tenham no seu caminho. É brincalhão, perversamente irônico e rimos de seu humor negro até mesmo quando não deveríamos rir. Será que, no fim, o Curinga tem razão e gostamos de ser maus?
Batman (Christian Bale ) aparece como deveria ser desde o começo de suas aventuras cinematográficas. Um herói amargurado, inseguro, que se questiona toda hora se o que ele está fazendo é certo e se tem sentido. Seu desejo de inspirar as pessoas, numa clara referência ao clássico maior de Frank Miller “O Cavaleiro das Trevas” , só causa problemas e o questionamento existencial do homem morcego fica cada vez maior.
Entra em cena Harvey Dent (Aaron Eckhart ), promotor público que tenta fazer justiça não com os punhos, mas com as armas da lei. Ele conta com a ajuda do ainda chefe da Divisão de Crimes Hediondos de Gothan City, James Gordon (Gary Oldman ), policial incorruptível que gerencia sua unidade nunca sabendo em quem confiar, numa cidade lotada de pessoas que se vendem por dinheiro.
Assistindo ao filme, e conhecendo um pouco da trajetória do personagem, dá para se fazer um questionamento: será que, afinal de contas, Bruce Wayne que vemos, um playboy milionário, boa vida e inconsequente, é um disfarce para o Batman, a verdadeira identidade do homem que se veste com a mascara do morcego ou sera o contrario. Pergunto isso vendo o filme e notando como Bruce Wayne é um personagem propositadamente apagado, sublimado pela presença maior do Batman. Fica essa questão aos psicólogos.
Ação na medida certa. Climax em cima de climax e um final arrebatador. Todos esses elementos, aliados à trama incrível , fazem desse Dark Knight um filme memorável e difícil de ser superado por qualquer filme desse ano, seja comedia, drama. Sério. Voto no Cavaleiro das Trevas como melhor filme do ano. Pronto.
E pensar que tudo isso começou num gibi. Esse meio de comunicação que já é centenário, feito supostamente para as massas acelebradas, mas que é um manancial de inteligência e cultura que ainda tem muito a nos dizer.

3 comentários:

Geo disse...

Esta aí uma coisa que tenho que concordar. Esse rebu todo em cima do filme serviu pra tirar de casa esse povo que quer dizer que é cult e não consome esse tipo de filme. O filme é bom sim, como muitos outrso do gênero e é o melhor.
Oscar, eu já não sei, pq o perfil de filmes indicados ao Oscar é outro.
Para quem gsota de filmes do gênero, como eu e muita gente que se esconde por aí dizenbdo que não, acho que O Cavaleiro das Trevas, devido à sua perfeição no roteiro, efeitos, fotografia, casting, dentre outras coisas merece disputar em várias categorias, por ser um filme extremamente envolvente, do início ao fim, sem frescura e sem falsos pudores. Foi um filme feito para quebrar tabus hollywoodianos. A principal prova disso é a Rachel, cuja atriz que a interpretou, que nem fiz questão de saber o nome, é completamente apagada, feia e sem graça, mas era desejada pelos dois heróis do filme. Imagina aí como a maior parte das mulheres do mundo, que não são super modelos, se sentiram vendo isso?
Acho que falei demais. rs

Anônimo disse...

Ainda não assisti ao filme. E isso, talvez, seja motivo para desabonar as minhas considerações senão ao filme, ao menos aos quadrinhos. Tenho leituras diferentes do Batman de Frank Miller. Não vejo nele, nem de longe, o herói em conflito. DK é, a meu ver, o retrato maior do herói que se vê como dono da verdade e, por isso mesmo, senhor do mundo. Podendo, inclusive, moldá-lo ao seu interesse. Também não concordo com a colocação que quadrinhos são arte menor. Só quem vive achando que o quadrinho é uma propriedade da Marvel e da DC (os americanos) pode pensar assim. O quadrinho europeu, faz tempo, conquistou esse direito e freqüenta salas muito maiores que as das casas. O quadrinho inglês, o francês, o espanhol e até o italiano flertam há muito mais tempo com o universo da arte. Volto a dizer, não vi o filme. No entanto a exploração do cadáver do Curinga, e a seqüência de péssimos filmes blockbusters (Homem de Ferro, Indiana Jones, Hulk, Kung Fu Panda Wall-e etc) fez com que o interesse inicial pelo filme fosse redobrado. Hollywood já fez dessas antes. Programas como Barra Pesada provam que o ser humano procura dia-a-dia notícias sangrentas que valorizem cadáveres. Ninguém resiste à morte. Seja do ator australiano badalado à rocambolesca/grotesca Dercy Gonçalves. Estamos acompanhando todos os momentos do enterro bizarro de uma brasileira bizarra. Não vi o filme. E, sinceramente, espero que seja mais do que parece. Os quadrinhos têm sido muito mal-tratados pelos americanos do cinema. Agora, o comentário que você fez sobre os quadrinhos me pareceu leviano e redigido por alguém que acredita serem os americanos os donos dessa arte. Reveja seus conceitos. Ou você vai acabar acreditando nas tolices de heróis boinas verdes como Rambo e tantos outros.

SILVIO CÉSAR disse...

Bob,
Quando disse que os quadrinhos são uma arte menor, logo em seguida disse também que no Brasil é assim, você não concorda? Ou você vê todo mundo portando seus gibis orgulhosos e sem medo de serem criticados por estarem lendo coisa de criança? Foi nesse sentido que eu quis me expressar.
Quanto ao Batman de Frank Miller, concordo com você. Mas aí estamos falando de um Batman cinquentão, experiente, não do personagem jovem, com apenas dois anos de atividades do filme. E, convenhamos, no começo da obra vemos Bruce Wayne amargurado, sem rumo porque precisa do Batman.
Não concordo com você quando você acha que eu penso que quadrinhos são propriedades de americanos. Se fosse assim, não veríamos nossas bancas abarrotadas de quadrinhos japoneses, italianos e até mesmo brasileiros, vide o sucesso ininterrupto da Turma da Monica.
Quanto ao marketing em cima da morte de Ledger, sinto muito mas aconteceu um pouco disso sim. Mas, como eu disse na minha avaliação, isso não piora ou melhora a obra final porque o filme é bem maior que isso.
Amo os quadrinhos e meu desejo sincero, assim como o seu pelo que pude avaliar do seu post, é que essa mídia assuma seu lugar de destaque como arte reconhecida tanto aqui no Brasil, quanto no resto do mundo.
E, na boa, veja o filme. Ele é muito bom!

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