William Bonner, o famoso âncora do Jornal nacional, disse certa vez que edita as matérias do jornal para que o público médio entenda. Ele chamou a figura desse perfil de Homer Simpson. Segundo a mesma pesquisa, o telespectador tem dificuldade de entender siglas como BNDS, precatórios e outras que pipocam no noticioso. Acho que isso é uma maneira de não respeitar a inteligência do ouvinte. Mas Bonner é um profissional de uma mídia do século passado, que ainda teima em achar que o telespectador é um ser passivo, que aceita tudo sem questionar ou mesmo reagir.
Na mundo da propaganda é mais ou menos a mesma coisa.
Todo dia vemos campanhas que pecam por parecerem feitas por idiotas. É um conceitozinho fueca para cá, layout mal feito para lá, um título bem fuleiro. Tudo para se enquadrar na suposta capacidade baixa de entendimento do consumidor. Será que isso é verdade?
Dia desses estava tomando um suco numa barraquinha perto da minha casa, encontrei um conhecido e começamos a bater um papinho. A conversa enveredou para celulares e ele começou a me dar uma aula sobre o Android em comparação com a OS do Iphone, a experiencia dele com uma vendedora que tentou empurrar um celular desatualizado dizendo por tudo quanto é mais sagrado que era a última geração de celulares. Ele, é claro, não caiu no conto do vigário.
Esse meu conhecido não trabalha com celulares e nem é geek. É uma pessoa que pertence à classe C, menos de 30 anos. Alguém que, com certeza, entraria nas categorias preconceituosas de "gente da classe C" que tem que ouvir oferta gritada em comercial de TV, que "não lê texto de anúncio" e outras pérolas difundidas em algumas empresas de comunicação.
E esse tipo de consumidor, informado, inteligente, que procura informação antes de comprar qualquer coisa, acessa redes sociais, compra pela internet e é ativo com relação à comunicação ainda é enquadrado em categorias retrógradas e estúpidas que não condizem mais com o presente que está vai causar a revolução nas comunicações daqui a alguns anos.
Eu acredito nisso.
Alguém dirá que o caso do conhecido e sua aula sobre OS de celulares é um caso isolado. Pergunte quantas pessoas você conhece que são tão bem informadas como ele e você poderá se surpreender.
Em pesquisa realizada pela Fnazca e Datafolha, a quantidade de usuários de internet pertencentes a classe C é 49%. Da classe D, 16%. Some os dois e o tal "público médio" que o Bonner falou aparece como uma força considerável.
E esse número continua crescendo. É um povo que está se informando mais, buscando interagir com outras pessoas, aprendendo mais e mais.
Você pode ter uma ideia melhor vendo a apresentação abaixo:
Ainda bem que tem gente que está entendendo o recado e fazendo trabalhos excelentes e, acima de tudo, inteligentes.
Respeitar a inteligência do consumidor é o melhor caminho. No fim, é essa mesma inteligência que vai decidir qual produto ou marca vai comprar. Pense nisso.
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