Tive a oportunidade de estar no final de semana passado no SANA 2009 (Super Amostra Nacional de Animes), um evento que existe desde 2001 e que está na sua 9ª edição. É considerado, segundo os organizadores, o segundo maior do gênero da América Latina. O que não é pouca coisa.
É interessante notar como a cultura pop japonesa domina o coração e as mentes de crianças, jovens e adultos. Vencendo os detratores que enxergam nisso um mero modismo, o que se vê é que essa cultura é perfeitamente sintonizada com os anseios dessa juventude. Daí o seu sucesso e o seu merecimento de um estudo aprofundado.
Sim, eu disse estudo. Nós, que trabalhamos com comunicação, devemos sempre estar atentos nas diversas formas que as pessoas usam para se comunicar, e a cultura pop japonesa é um bom exemplo de integrador de tendências.
Longe de achar isso uma invasão cultural, uma destruição sistemática dos nossos costumes locais e colocando todos esses discursos retrógrados na lata de lixo, devemos, isso sim, ir fundo nessa fascinação que uma cultura estrangeira, tão diferente da nossa, tem em uma parcela significativa da população ocidental.
Esses personagens de desenhos, filmes, videogames funcionam como marcas. É como se essas marcas/personagens funcionassem como plataformas-base para o lançamento de outros produtos que vão além do originalmente proposto. Midiaticamente falando, um desenho animado, por exemplo, sai da TV e invade gibis, videogames, jogos de RPG, filmes live-action e chega ao máximo da expressão, ao conseguirem que seus seguidores - sim, o termo está correto - se vistam literalmente dessas marcas, os assim chamados cosplays.
Quantas marcas vocês conhecem que conseguem esse nível de paixão dos seus consumidores?
O conceito de transmedia storytelling é uma tentativa de usar a paixão dos consumidores/seguidores em benefício da marca, gerando uma sinergia de fora para dentro, e não de dentro para fora como era até então. Séries de TV como Lost, Heroes e Battlestar Galactica são exemplos modernos dessa nova tendência. E tem muitas marcas que já estão seguindo por esse caminho. Os eventos proprietários também fazem parte dessa nova tendência. A Red Bull, para citar um exemplo, deixou a muito tempo de ser uma marca de energéticos e passou a ser uma verdadeira central de entretenimento, algo muito além de uma mera beberagem. Muitas marcas de energéticos ainda estão longe do nível de envolvimento causado pela Red Bull.
Mas o nível máximo de interação que se pode alcançar com uma marca está em seguir, ou pelo menos chegar o mais perto possível, do que a cultura pop japonesa conseguiu a muito tempo. Ser relevante e ao mesmo tempo moderna para uma público-alvo jovem, que detesta ser subestimado, por mais que os comunicadores de ontem digam o contrário.
Um comentário:
Me acordem quando criarem o "Shana".
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