


Uma das coisas que mais fazemos aqui no trabalho - e espero sinceramente que vocês, leitores, façam isso também - é discutir assuntos relevantes do mundo da comunicação. Sei que tem muitas empresas por aí que abominam essa prática, por achar pouco “produtivo”. Acho estranho esse tipo de comentário porque o nosso negócio é comunicação e pra fazer comunicação é preciso conversar, discutir, pensar esse negócio. Parece um jogo de palavras óbvias mas se você tiver um pouco de bom senso ou trabalhar em um ambiente em que o que interessa é a reação e não o raciocínio, vai entender do que estou falando.

Discutia-mos sobre a forma como muitos colégios aqui da cidade de Fortaleza fazem sua comunicação e da mesmice, do lugar-comum, do uso de clichês que se repetem, ano após ano. Esse conservadorismo todo seria um reflexo do próprio anacronismo que essas instituições acabaram se tornando?
Acredito que a comunicação de uma empresa reflete sua filosofia de trabalho. Pelo menos deveria ser assim. Se você for analisar friamente, a comunicação de muitos colégios, verá que o discurso, salvo algumas exceções, é o mesmo. Será que toda escola é igual? Será que a escola parou no tempo?
Acho esse assunto sério demais. Sério o bastante para pedir uma reflexão mais aprofundada, sem rodeios e questionar se essas instituições realmente estão preparadas para formar pessoas que saibam lidar com esse mundo que muda a todo instante. Se muitas escolas perseguem, ano após ano, uma comunicação insossa, sem graça, sem um projeto inovador de ensino e só se preocupam em falar o quanto são grandes; ou quanto aprovam no vestibular; ou que preparam o aluno para o mercado de trabalho (mais uma vez confundindo conhecimento com ocupação) fica a pergunta: será que a escola é só isso?
Luli Radfahrer ministrou uma palestra (que você pode ver abaixo) onde dizia que o professor, antes de tudo, deveria ser um agente inspirador, uma pessoa que incentiva seus alunos a buscarem - olha só que termo mais geração Google! - suas respostas. Mas o que vemos é uma dependência desta classe, uma carência, um sentimento que é unicamente o professor que deve saber todas as respostas e não que as respostas estão por aí esperando para serem encontradas. Ontem eu flagrei a conversa de duas estudantes que reclamavam de um professor que tinha dificuldade de passar tudo para elas. Tudo. Comunicação de via única é o que as escolas são?
4 comentários:
Bela reflexão Sílvio. Isso sempre me passou pela cabeça, a postura de "massa de manobra" de nossas escolas. Ninguém é formado cidadão, são só mais um número na contagem de aprovações. Filho meu nunca estudaria numa escola assim.
Fala, Sílvio! Bastante interessante seu comentário. E muito pertinente também. Mas, de certo modo, os colégios também são vítimas. Calma aí, explico. Ao optar por "treinar pessoas para passar no vestibular", essas instituições não estão mais do que atendendo à demanda de uma sociedade cada vez mais competitiva autopredatória, onde não há espaço para "perdedores". É mesmo questão de sobrevivência econômica. De certo modo, para um pai (em uma comparação um pouco dura, admito) o filho se converteu em um investimento a longo prazo, como um consórcio cujo benefício será obtido após a admissão em uma universidade de renome. Que, por sua vez, garantirá o futuro profissional desse estudante depois de 4, 5 anos acadêmicos. Ainda bem que toda regra tem exceção. Está aí o Kleyton, que não nos deixa mentir. Quanto ao nosso papel como comunicadores, acredito que, acima de uma boa sacada criativa, deve estar uma comunicação responsável, ainda que isso não seja nada fácil. Às vezes, avançaremos. Em outros casos, sem chance: teremos que ceder. Sinceramente, esperamos estar ajudando neste sentido, tentando fazer a campanha do Colégio Provecto do modo mais responsável e criativo possível, dentro das nossas limitações, claro. Depois de 5 anos criando para este cliente, é gratificante perceber que mudanças estruturais e, inclusive, pedagógicas foram incentivadas a partir dos resultados obtidos com a comunicação. Ainda estamos bem longe dos nossos objetivos, mas como se costuma dizer, para continuar perseverando não é preciso, necessariamente, lograr. Abraço, Pádua
Olá Sílvio, tudo bem?
Sou o Christiano, do Giga Mundo, e fiquei muito feliz por ser citado aqui e gostaria de dar alguma contribuição.
Comentar sobre o sistema de ensino fundamental seria redundante, "chover no molhado", pois todos sabemos que ele está bastante falho e em nada ajuda a educar e preparar realmente o jovem para ser um adulto maduro e hábil a tomar decisões corretas. A esperança, então, seria a educação no ensino superior, não é?
Infelizmente o ensino nas universidades públicas está sendo, aos poucos, sucateado, o que acaba por prejudicar os alunos, que não conseguem a base educacional suficiente para atuar.
Há algum tempo atrás, ter ensino médio completo deixava-lhe em completa vantagem em relação aos outros. Hoje, ter uma boa graduação e excelente pós (especialização ou outro título) torna-o somente "mais um na multidão".
Estamos passando cada vez mais tempo em salas de aula, em ambientes onde deveríamos aprender e não "perder tempo".
Bem, mais uma vez, excelente artigo e espero ler outros em breve!
Este tema rende né?
Post consistente, fazendo o que mais acho que faz falta nesta nossa blogosfera: reflexão.
Parabéns! Continue incomodando.
Abração!
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